terça-feira, 13 de março de 2012

Equinócios - o Universo em equilíbrio

Joanna Powell Colbert, The Wheel, Gaian Tarot
Os equinócios são portais cuja travessia nos permite ascender a um estado de consciência mais elevado e a um mais profundo conhecimento de nós próprios. Pedem-nos que deixemos partir tudo o que já não nos serve, abrindo assim espaço para o novo, que podemos então acolher de todo o coração.
  
Os equinócios (de aequus, ou igual, e nox, ou noite) são, como o nome indica, períodos nos quais a noite dura o mesmo tempo que o dia, ou seja, 12 horas. O equinócio é, a todos os títulos, um momento excepcional no ano, quando o Sol, centro do nosso sistema e sustento de toda a vida no planeta, determina o equilíbrio perfeito dos pratos da balança cósmica. Pelo menos por um instante, o instante equinocial, todas as possibilidades estão suspensas na mais instável e delicada das harmonias.
Em Portugal continental o momento mágico do Equinócio da Primavera terá lugar este ano às 5.14h do dia 20 de Março, embora só seja celebrado no dia 21, primeiro dia do signo do Carneiro, início do Ano Astrológico, Dia Mundial da Infância, Dia Mundial da Árvore e da Floresta, Dia Mundial da Poesia, e Dia da Mãe numa série de países que escolheram associar os festejos da maternalidade com a Primavera. Poucos dias depois, a 25 de Março (nove meses exactos antes do Natal), celebra-se a festa  da Anunciação, ou aparição do anjo Gabriel  à Virgem, momento no qual Maria concebeu do Espírito Santo e o filho divino encarnou no seu ventre. Assim se liga também o Equinócio da Primavera, feminino e maternal, ao Solstício de Inverno, a mais mística das festividades solares.
A partir deste momento, a luz ganha a batalha contra a escuridão invernal, e toda a Terra celebra a morte do ano velho e a entrada num novo ano – embora por vezes, afirmam alguns, esta vitória da Luz não se faça sem grandes perigos e agitação, associando-se os momentos equinociais ao recrudescimento de guerras, sublevações e catástrofes naturais. Afinal, dificilmente se abandona um sistema por outro sem algum sofrimento e resistência.
Kris Waldherr, Perséfone e a Romã
Esta é a época em que, conforme as nossas crenças e inclinações naturais, festejamos a morte e ressurreição de Jesus, filho e fruto de Maria, ou então o regresso de Perséfone, a Donzela, do mundo subterrâneo, também ela símbolo da alma renascida após uma descida às profundezas da materialidade. Este é o momento de triunfo da Aurora, da Estrela da Manhã, de Astarte, Ísis, Afrodite, Deméter e Maria, quando a Natureza carregada com as suas primícias se revela num festival de abundância, sabores, cores e perfumes sem par. Este é o tempo da Deusa fértil, dando à luz os rebentos infinitamente variados de toda a Criação, e é também o tempo dos seus filhos sagrados, sejam Cristo, Adónis, Osíris ou Dionísio, em cada ano mortos como a vegetação mas destinados a renascer em cada Primavera.
Nesta altura do ano temos a oportunidade, mas também o dever, de fazer uma verdadeira Limpeza da Primavera nas nossas vidas. Planear uma limpeza ou organização da casa, ou de algum aspecto do nosso quotidiano, pode ser uma boa maneira de dar início ao processo. A energia equinocial apoia-nos neste momento, quando despertamos da letargia invernal ávidos de luz, de ar puro e de beleza. Trata-se de deixar entrar essa luz e ar e de criar essa beleza também em nós e no mundo que nos rodeia, pelo qual somos responsáveis, e que, sendo um Cosmos em miniatura, é símbolo do Universo inteiro. Sejamos nós também Criadores, parceiros da Natureza, e exultantes com a nossa própria Criação, por mais modesta que pareça.
O ideal seria que esta limpeza, semelhante ao “fazer o ninho” dos pássaros e àquele irresistível impulso de arrumação do quarto e das roupinhas do bebé que as grávidas costumam sentir algum tempo antes do parto, fosse realizada como preparação para esta época. Assim poderíamos receber condignamente o Novo nas nossas vidas, venha ele sob que forma vier. Quem arruma por fora também arruma por dentro… mas disso falaremos num próximo texto.